sábado, 31 de janeiro de 2009

Canudos

De Caldas do Jorro, subindo pela BR-116, vc passa Araci, Euclides da Cunha e logo vê a placa: CANUDOS.
Canudos, na verdade são tres cidades. Uma foi destruida pelo Exército na batalha final. Outra que foi reconstruida no mesmo local e foi inundada pelo açude mandado construir por Getulio Vargas. E uma terceira, construida a alguns quilometros daqui, que é a atual Canudos e que não tem nada a ver com o antigo local da luta.
Seguindo a sinalização da estrada, entra a direita e vai, por uns 20 km de estrada de terra, em direção a Canudos.
Aí vc sente mesmo a caatinga. E vê a seca
Toda a ansiedade por conhecer de perto o local da Revolta de Canudos e saber mais, ao vivo, de Antonio Conselheiro afloram quando, à esquerda, vc vê a placa do Parque Nacional de Canudos.

Um bonito portal, um guarda parque e vc entra. Aqui tudo aconteceu. Vc está no lugar em que a história foi escrita nos fatos, na luta e no sangue.
O parque todo pode ser percorrido de carro. O lugar é uma elevação com um solo pedregoso, que para alguem do Sul, como eu, dá a impressão de não valer absolutamente nada.
Foi pela posse dessa terra que as pessoas guerrearam?

A sinalização dos locais onde as batalhas ocorreram é eficiente, Morro da Degola, Vale da Morte, Fazenda Velha...

Visitei a pé, sozinho, esses locais. A energia que emana é desconfortável, não há como não se transportar na história nem como não sentir uma "energia diferente" que não sei explicar. Por emoção, não consegui fotografar o Morro da Degola (não preciso comentar o porquê do nome) onde um destacamento inteiro de soldados foi dizimado... e nem o Vale da Morte, onde os corpos das centenas de seguidores de Conselheiro ainda jazem, dizem que a dois metros de profundidade, na terra. Este local faz a gente chorar. Do nada. Eita!

Os marcos se sucedem pelo terreno inteiro... tudo desértico...
O lugar chamado Alto da Favela, onde há um cruzeiro, e marcos históricos das batalhas
Esta mesma vista está retratada por desenho de Euclides da Cunha em "Os Sertões". Incrível como retratou "fotograficamente", a caneta, o local.

No local há a reprodução do "plano de batalha" do exército na "ofensiva final".
Fiz alguns amigos no Panteão da Prefeitura, (que estava fechado para reformas e com o acervo encaixotado), e no Museu, administrado por uma ONG, onde valeria a pena ver o "Cruzeiro" da época, crivado de balas que está guardado na capela, mas a zeladora da capela havia ido visitar a mãe no sítio e levado a chave... nem protestei...

Me levaram almoçar bode assado na melhor churrascaria da cidade.
As coisas são surreais nesses interiores do Brasil... As duas moças belgas me disseram, rindo, que na sua terra ninguém entenderia quando contassem dessa deliciosa culinária brasileira. Realmente, é preciso IR e vivenciar esses Brasis fantásticos.
Meu amigo Luiz, Professor e Presidente de ONG - "Associação Agro Pastoril dos Pequenos Criadores da Fazenda Barriguda". Um lutador. Retrata uma novidade para mim. Retrata uma grande parte de pessoas que já foi para São Paulo, trabalhou na metalurgia e voltou a criar cabras no Nordeste. Vale a pena ver o vídeo que fiz com ele, apesar da baixa qualidade.
O acompanhamento do Bode assado. Por sinal...

A HISTÓRIA QUE ME CONTARAM
Antonio Conselheiro comprou e pagou as madeiras para a construção de uma igreja em Canudos. A madeireira, localizada a 150 km em Juazeiro (BA) demorava para entrega-las alegando falta de transporte. Conselheiro resolveu entao ir busca-las a pé. Reuniu 15000 pessoas e, em romaria, trouxeram a madeira na mão. A repercussão que chegou aos ouvidos militares da época foi que se tratava de uma revolução. Foi destacada uma companhia para "abafar" a revolta, que foi derrotada... e outra... e mais outra... até que o poderio militar se fez presente... Isso os descendentes das pessoas que conseguiram sobreviver me contaram na mesa de um bar, olhando nos meus olhos... Então, como dizem por lá: faltou mesmo só uma conversa... não havia insurreição alguma.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O primeiro contato com a Caatinga - E Caldas do Jorro

Logo que você deixa a Chapada Diamantina, em direção à Feira de Santana, já sente, pela vegetação e pelo calor escaldante, que está entrando no Nordeste do País. A vegetação marginal começa a mudar.



E tem certeza disso quando avista o primeiro (dos muitos que vi) caminhão-pipa. Esse aí da foto é do Exército.

E vê de perto o primeiro mandacaru. E o chão ressecado, apesar de ser a estação das chuvas.

Agressivo de longe... florido de perto.


CALDAS DO JORRO

Então, depois que vc passa Feira de Santana, onde a Hilux teve trocado o filtro de combustivel devido ao diesel com água que me venderam na estrada, vc tem uma surpresa.

Vi a placa às margens da BR 116, no caminho para Canudos; achei curioso e resolvi entrar na cidade.

É uma cidade com uma fonte de água mineral no centro da praça principal, de onde sai uma água a 48 graus.
A Petrobrás foi procurar petróleo e encontrou essa fonte, o que naturalmente transformou o local.
A noite, estava "toda" a população tomando banho na praça.
Não tem qualquer cerimônia, a pessoa vai chegando e vai se encostando na parede sob a água quentíssima. Dizem que faz bem para tudo. Até para "aquelas partes" kkkkk, mas principalmente para doenças de pele.
Não tomei banho na praça porque estava de roupa e me lembrei da vez em que fui tomar banho de rio, pelado, e me roubaram a roupa. Eu hein? De novo nunca.

No dia seguinte, quando prossegui a viagem, ainda havia gente na fonte. Acho que não desocupam nunca. Imagino como é o final de semana aqui.
Fui para a Pousada principal da cidade. Lá tem uma ligação direta com a fonte e a água dos banheiros e da piscina são abastecidas da fonte mineral.
A pousada é bem confortável levando-se em conta o tamanho da cidadezinha.
Ah! O preço é o melhor. 75,00 a pensão completa. Paguei 50,00 porque não fiz refeição e era meio de semana.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Chapada Diamantina - Lençóis - Trekking

Lençóis é como você não a imagina. É muito mais!
Aliás, depois da Chapada Diamantina, esqueça as outras.

Bem cuidada.


Construções inesperadas até.


Este é o mercado de artesanato (fraco, diga-se de passagem)

Enfim...te remetem a uma outra época.

Não vou falar do hotel. Se quiser veja aí: http://www.lencois.com.br/
Da janela dos quartos se vê as correntezas e se escuta o barulho do Rio Serrano que corta a cidade.

Claro, tem os tristes contrastes... tristes
E esta é a casa onde nasceu Afrânio Peixoto. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Ele é filho da terra homenageado.
Aí contratei um guia que eu é que não iria sair dali sem fazer um tekking.

Na foto de cima e nesta se vê o leito meio seco do Rio Serrano (que corta a cidade). Note que o piso é feito de um material denominado "conglomerado". São várias pedras de várias espécies fundidas numa só. Nunca tinha visto isso.
Tekking que é tekking tem de atravessar cavernas
E passar por cachoeiras...
Aí você chega no salão das areias coloridas... simplesmente de pasmar.
Essa rocha que está atrás de mim esfarela toda ao contado da mão e vira aquela areia multicolorida que possibilita aqueles famosos desenhos dentro de vidros e garrafas.
Cada nuance é uma areia diferente...
Pedi aos dois "Luizes" pai e filho, para sorrirem para a foto. O pai não sorriu... disse que não podia... lhe faltavam os dentes...
A gente tem uns encontros, de matar, com uma dura realidade nessas viagens loucas "pela aí do mundo"


A "venda" dos Luizes... mandalas e filtros de sonhos... comprei um... foi o que pude fazer, talvez para pagar a culpa de ser rico... ou de ainda ter dentes.. eita...

Chapada Diamantina - Lençóis - A Festa de Interior

Cheguei no dia da festa do Padroeiro
A FESTA DO PADROEIRO DOS GARIMPEIROS. BOM JESUS DOS PASSOS
A missa de todas as noites. O povo cantando na Igreja.

Uma autêntica festa de largo, quermesse... duplas (sertanejas naturalmente) se apresentando... Gente na rua... alegria... paquera... bebida rolando...


Aquilo parecido com uma bola cor de rosa é o mega palco... Hoje apresentação de “Moreno do Sertão”. Cabra Bom esse. E também um sanfoneiro, conhecido como o Rei do Forró do Sertão...


Comidas apetitosas...

Cerveja “praticamente de graça”
E até a famosa “guloseima supimpa”da maçã do amor...


Ah! E se vc quiser fazer uma fezinha, tem Jogos Honestos. Um real a “arriscada”.


E tudo nesse contraste maravilhoso de cenas como esta
Com restaurantes internacionais... Neste Italiano tem uma pasta alho e oleo que nem te conto...