terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Petrolina a Juazeiro do Norte

No caminho para Juazeiro do Norte, vc passa por dentro de várias cidades, pela BR 122. Lagoa Grande, Santa Cruz, Ouricuri, Bodocó, Exú, numa estrada razoável.
Uma curiosidade: em toda beira de estrada o pessoal faz caminhadas. Veja que nem acostamento tem, mas o pessoal nao quer nem saber. Atividade física insalubre pelo escapamento dos veiculos e perigosissima. Presenciei várias situações em que as pessoas se embrenharam no mato, quando cruzam dois caminhões.
Isso é assim em todo o Cariri.

E aí você passa outra divisa de Estados e entra no Ceará. Próxima cidade Exu.

Ainda cheguei de dia a Exu. Mas não consegui visitar o Museu (na foto esse muro branco) do filho mais ilustre da terra: Luiz Gonzaga. Estava já fechado.

Este é o monumento ao Rei do Baião na sua cidade. Fiquei sentado na praça até escurecer. Se eu ainda fumasse teria fumado um cigarrinho beeeeemmmm caprichado ali, proseando com o pessoal que, em todas as cidades, sempre está sentado nos bancos da praça.
Ao anoitecer segui meu destino. Hoje, até a terra do Padre Cícero. Juazeiro do Norte.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Petrolina (PE)

De Canudos (BA) a Petrolina (PE)
Estou no polígono da maconha. A estrada é de terra embora no mapa constasse como pavimentada. Longas retas. Estrada boa. A primeira cidade que atingirei será Uauá, conhecida como a "Capital do Bode". Me alertaram para os perigos de se viajar por aqui a noite. Mesmo de dia, dá uma sensação estranha de medo e sozinhez... pois me contaram histórias de árvores derrubadas na estrada. Pouco movimento. Assaltos com armas calibre 12... Fico esperto, sem me distrair com os devaneios que a paisagem provoca.

Chegando a Uauá após 62 kilometros de uma estrada de 120 km. Meio do Caminho para Petrolina. Tudo Bem. Em pontos que, creio, estratégicos existem uns postos de policiais denominados Milicia da Caatinga, que, segundo se fala, pretende combater o tráfico, as plantações de maconha, enfim... acabar até com o perigo de assalto nas estradas...
Estou em cima da ponte. Abaixo deveria haver um rio. Completamente seco atualmente. Nunca tinha visto isso. Arrepia.
E outra ponte e outro leito seco de rio
Os caras vem em sentido contrário em alta velocidade. As pedras espirram sob os pneus. Surgiu uma que me quebrou o parabrisa.

Finalmente acaba o trecho de terra e ando por asfalto por uns 50 km, até chegar ao meu destino de hoje

Petrolina. Chegando.

Na verdade primeiro vc chega em Juazeiro (BA), que não é o do Padim Padre Cícero. São cidades gêmeas separadas pelo meu querido Rio São Francisco que, ali, divide os Estados da Bahia e Pernambuco.

O tamanho desse Rio São Francisco!!! Tenho medo da "transposição" embora sem qualquer embasamento técnico para isso.

Ja estou na Beira Mar do lado de Petrolina... lá na outra margem ficou Juazeiro

Petrolina é uma cidade de porte bom, aprox, 300.000 Hab. Começando a ter edifícios...

O trânsito ainda é mais ou menos fluente

Fiquei neste hotel. Recomendo.

Estou com meu amigo Luiz, em frente ao famoso restaurante Maria do Peixe. Uma peixada que nem te conto de tão boa.
A baixinha, da esquerda é a Dona Maria... a de preto, Sueli, filha da dona Maria e os jovens os netos. O "mocinho" lindo de camisa roxa sou eu... disfarçado de velho... kkkkkk Repare o que tem de recomendação da 4 Rodas na parede... Gente boa... gente boa...


Tive de fotografar. Este é o banheiro do Restaurante Maria do Peixe... Dá para ficar ***ando e conversando com o colega....kkkkkk Eita que esse Nordeste me apronta cada uma... risos


Em Petrolina tem o Bodódromo. Um monte de Restaurantes reunidos num só lugar. Especialidade: Carne de Bóde... do jeito que vc quiser... Me diverti... muito


Pensa que é mentira?


e outro
e mais outro
e ainda outro

Mas em Petrolina também tem uma produção de frutas para exportação e vinhedos de renome internacional. É de lá o vinho Paralelo 8, o único vinho brasileiro constante na revista Wine Spectator, considerada a biblia do vinho. Claro que comprei uma porção de garrafas. Na foto eu com a Portuguesa da Vinícola ViniBrasil, produtora da bebida.

Nada a ver só com Petrolina. Mas o meu amigo Luiz me levou nessa oficina de reparos de parabrisas... e o que custaria R$900,00, acabou sendo consertado por R$47,00 (era 60,00, mas depois de uma brigaçada consegui um desconto),

Incrível. Não ficou nem sinal no vidro, como se poderá ver nas fotos da continuação da viagem.
Hora de seguir viagem. Agora em direção a Juazeiro do Norte, (CE) a terra do Padre Cícero. Aliás eu já ia errando a estrada. Os GPS se encarregaram de me dizer que a cidade era na direção oposta de onde eu estava indo.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Canudos

De Caldas do Jorro, subindo pela BR-116, vc passa Araci, Euclides da Cunha e logo vê a placa: CANUDOS.
Canudos, na verdade são tres cidades. Uma foi destruida pelo Exército na batalha final. Outra que foi reconstruida no mesmo local e foi inundada pelo açude mandado construir por Getulio Vargas. E uma terceira, construida a alguns quilometros daqui, que é a atual Canudos e que não tem nada a ver com o antigo local da luta.
Seguindo a sinalização da estrada, entra a direita e vai, por uns 20 km de estrada de terra, em direção a Canudos.
Aí vc sente mesmo a caatinga. E vê a seca
Toda a ansiedade por conhecer de perto o local da Revolta de Canudos e saber mais, ao vivo, de Antonio Conselheiro afloram quando, à esquerda, vc vê a placa do Parque Nacional de Canudos.

Um bonito portal, um guarda parque e vc entra. Aqui tudo aconteceu. Vc está no lugar em que a história foi escrita nos fatos, na luta e no sangue.
O parque todo pode ser percorrido de carro. O lugar é uma elevação com um solo pedregoso, que para alguem do Sul, como eu, dá a impressão de não valer absolutamente nada.
Foi pela posse dessa terra que as pessoas guerrearam?

A sinalização dos locais onde as batalhas ocorreram é eficiente, Morro da Degola, Vale da Morte, Fazenda Velha...

Visitei a pé, sozinho, esses locais. A energia que emana é desconfortável, não há como não se transportar na história nem como não sentir uma "energia diferente" que não sei explicar. Por emoção, não consegui fotografar o Morro da Degola (não preciso comentar o porquê do nome) onde um destacamento inteiro de soldados foi dizimado... e nem o Vale da Morte, onde os corpos das centenas de seguidores de Conselheiro ainda jazem, dizem que a dois metros de profundidade, na terra. Este local faz a gente chorar. Do nada. Eita!

Os marcos se sucedem pelo terreno inteiro... tudo desértico...
O lugar chamado Alto da Favela, onde há um cruzeiro, e marcos históricos das batalhas
Esta mesma vista está retratada por desenho de Euclides da Cunha em "Os Sertões". Incrível como retratou "fotograficamente", a caneta, o local.

No local há a reprodução do "plano de batalha" do exército na "ofensiva final".
Fiz alguns amigos no Panteão da Prefeitura, (que estava fechado para reformas e com o acervo encaixotado), e no Museu, administrado por uma ONG, onde valeria a pena ver o "Cruzeiro" da época, crivado de balas que está guardado na capela, mas a zeladora da capela havia ido visitar a mãe no sítio e levado a chave... nem protestei...

Me levaram almoçar bode assado na melhor churrascaria da cidade.
As coisas são surreais nesses interiores do Brasil... As duas moças belgas me disseram, rindo, que na sua terra ninguém entenderia quando contassem dessa deliciosa culinária brasileira. Realmente, é preciso IR e vivenciar esses Brasis fantásticos.
Meu amigo Luiz, Professor e Presidente de ONG - "Associação Agro Pastoril dos Pequenos Criadores da Fazenda Barriguda". Um lutador. Retrata uma novidade para mim. Retrata uma grande parte de pessoas que já foi para São Paulo, trabalhou na metalurgia e voltou a criar cabras no Nordeste. Vale a pena ver o vídeo que fiz com ele, apesar da baixa qualidade.
O acompanhamento do Bode assado. Por sinal...

A HISTÓRIA QUE ME CONTARAM
Antonio Conselheiro comprou e pagou as madeiras para a construção de uma igreja em Canudos. A madeireira, localizada a 150 km em Juazeiro (BA) demorava para entrega-las alegando falta de transporte. Conselheiro resolveu entao ir busca-las a pé. Reuniu 15000 pessoas e, em romaria, trouxeram a madeira na mão. A repercussão que chegou aos ouvidos militares da época foi que se tratava de uma revolução. Foi destacada uma companhia para "abafar" a revolta, que foi derrotada... e outra... e mais outra... até que o poderio militar se fez presente... Isso os descendentes das pessoas que conseguiram sobreviver me contaram na mesa de um bar, olhando nos meus olhos... Então, como dizem por lá: faltou mesmo só uma conversa... não havia insurreição alguma.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O primeiro contato com a Caatinga - E Caldas do Jorro

Logo que você deixa a Chapada Diamantina, em direção à Feira de Santana, já sente, pela vegetação e pelo calor escaldante, que está entrando no Nordeste do País. A vegetação marginal começa a mudar.



E tem certeza disso quando avista o primeiro (dos muitos que vi) caminhão-pipa. Esse aí da foto é do Exército.

E vê de perto o primeiro mandacaru. E o chão ressecado, apesar de ser a estação das chuvas.

Agressivo de longe... florido de perto.


CALDAS DO JORRO

Então, depois que vc passa Feira de Santana, onde a Hilux teve trocado o filtro de combustivel devido ao diesel com água que me venderam na estrada, vc tem uma surpresa.

Vi a placa às margens da BR 116, no caminho para Canudos; achei curioso e resolvi entrar na cidade.

É uma cidade com uma fonte de água mineral no centro da praça principal, de onde sai uma água a 48 graus.
A Petrobrás foi procurar petróleo e encontrou essa fonte, o que naturalmente transformou o local.
A noite, estava "toda" a população tomando banho na praça.
Não tem qualquer cerimônia, a pessoa vai chegando e vai se encostando na parede sob a água quentíssima. Dizem que faz bem para tudo. Até para "aquelas partes" kkkkk, mas principalmente para doenças de pele.
Não tomei banho na praça porque estava de roupa e me lembrei da vez em que fui tomar banho de rio, pelado, e me roubaram a roupa. Eu hein? De novo nunca.

No dia seguinte, quando prossegui a viagem, ainda havia gente na fonte. Acho que não desocupam nunca. Imagino como é o final de semana aqui.
Fui para a Pousada principal da cidade. Lá tem uma ligação direta com a fonte e a água dos banheiros e da piscina são abastecidas da fonte mineral.
A pousada é bem confortável levando-se em conta o tamanho da cidadezinha.
Ah! O preço é o melhor. 75,00 a pensão completa. Paguei 50,00 porque não fiz refeição e era meio de semana.